segunda-feira, 27 de abril de 2015

PROCURA-SE UMA MÃE (PEÇA TEATRAL)

PROCURA-SE UMA MÃE 
Observação: Nos diálogos, as falas das crianças da gangue estão identificadas como G-1 a G-8. Se você tiver menos crianças, algumas podem falar duas ou mais vezes. As falas das crianças de rua estão identificadas como Criança 1 e Criança 2. As crianças de rua e as crianças da gangue podem ser tanto meninos como meninas.
CENA 1 (Cenário de rua, ou o palco com as cortinas fechadas.)
Narrador — Atenção, senhoras e senhores. O que vocês vão assistir agora é uma ficção. Qualquer semelhança terá sido mera coincidência!
 (As crianças de rua entram por um lado do palco. As crianças da gangue entram pelo lado oposto, umas fazendo barulho, outras cochichando e depois rindo alto.)
G-1 — Ei, pessoal, olhem só aqueles meninos de rua.
G-2 — Vamos até lá mexer com eles!
G-3 — E aí, seus moleques fedidos, por que estão aqui na nossa rua? Toda a gangue — É isso mesmo.
Criança 1 — (Com medo.) Bem, é que... a gente... somos...
G-4 — Olhem só, pessoal, não sabem nem falar direito. (As crianças da gangue apontam para os meninos de rua e dão risada.)
G-5 — Sua mãe não te ensinou a falar, moleque?
G-6 — Acho que eles nem têm mãe!
G-7 — E aí, moleque, vocês têm mãe ou não?
G-8 — Ah, deixem esses moleques prá lá, vamos embora! (As crianças da gangue saem de cena por onde entraram, rindo, chutando coisas e falando alto.)
Criança 1 — É, acho que eles têm razão. Nós precisamos de uma mãe. Temos de encontrar uma. Uma mãe que cuide de nós; que nos ensine as coisas que precisamos aprender; uma mãe que nos ame de verdade.
Criança 2 — É mesmo. Mas onde será que vamos encontrar uma assim? E, além do mais, que queira ser nossa mãe. (Começa a chorar.) Nós somos fedidos, sujos, não falamos direito, não comemos direito, não andamos direito e nem casa nós temos! Onde vamos encontrar uma mãe? Onde?
Criança 1 — Calma! Acredite, nós vamos encontrar. Vamos ver... Onde a gente pode começar a procurar? Ah! Tive uma idéia. Vamos até o shopping. Dizem que lá eles vendem de tudo. Pode ser que ali venda mãe também! (As duas crianças saem pelo mesmo lado por onde entraram.) Narrador — As crianças
correm para o shopping. Andam de um lado para o outro, olhando em todas as lojas, mas não encontram nada. Quando estão quase desistindo... um dos meninos vê uma placa grande e bonita. Ao tentar soletrar as letras da placa... que surpresa para eles! A placa dizia: "Temos todos os tipos de mães." CENA 2 (Cortinas fechadas; depois cenário de loja.)
(Com as cortinas fechadas, alguém aparece segurando uma placa com os dizeres: "Lojas — Temos todos os tipos de mães." As duas crianças se aproximam para ler a placa, quando chega o vendedor.)
Vendedor — Pois não? Posso ajudar vocês?
Criança 1 — Acho que sim.
Vendedor — O que vocês estão procurando?
Criança 2 — Nós estamos querendo urna mãe.
Criança 1 — E o cartaz diz que aqui tem todo tipo de mãe.
Criança 2 — É isso mesmo, a gente quer uma mãe para cuidar de nós! Você tem uma aí?
Vendedor — Uma, não. Várias. Vocês vieram ao lugar certo. Aqui nós temos todos os tipos de mães. Vamos entrar e vocês podem escolher à vontade. (As crianças e o vendedor apenas viram de costas enquanto as cortinas se abrem, e no final do cenário da loja estão as várias mães, imóveis, como se estivessem numa vitrine. As crianças olham para as mães com espanto.)
Vendedor — Vocês podem se aproximar e falar com as mães. Cada uma ganha vida depois que vocês perguntarem se ela quer ser mãe de vocês. Se vocês não a aceitarem como mãe, ela volta a ser apenas uma estátua, como antes. Fiquem à vontade, qualquer coisa é só me chamar. (Afasta-se das crianças.) (As duas crianças, ainda espantadas, aproximam-se da mãe modelo.)
Criança 1 — (Fala para a criança 2.) Esta aqui é bonita! (Fala para a Mãe Modelo.) Ei, a senhora pode ser nossa mãe?
Mãe Modelo — (Ela começa a se mover lenta-mente, depois caminha até a frente do palco como se estivesse desfilando numa passarela. Olha para as crianças com ar de superioridade. Enquanto fala, desfila.) Claro que posso ser sua mãe, crianças! Vocês só terão de aprender a andar direito e a ter uma postura como a minha, de modelo. Vocês vão ver como é sensacional participar do mundo da moda e estar nas passarelas de sucesso de Nova York, Milão, Paris... Ulalá! Vocês vão conhecer os grandes estilistas e as modelos mais famosas. Vocês terão o guarda-roupa mais sofisticado do mundo, roupas finíssimas do mais alto estilo, e...
Criança 2 — (Interrompendo.) É só isso que a senhora pode nos oferecer?
Mãe Modelo — (Ofendida.) Só isso? O que mais vocês querem de uma mãe modelo? (Ela retorna ao seu lugar, como se desfilasse, mas os movimentos vão se tornando lentos até que, quando chega ao seu lugar, fica novamente imóvel.)
Criança 1— E, parece que vai ser difícil! Esta mãe modelo não serve prá gente, não. É bem diferente das outras mães que conhecemos. Venha, vamos tentar outra. (As crianças se aproximam e novamente examinam as mães.)

Criança 2 — A gente "queremos" tanto uma mãe! Vou perguntar para esta. A senhora quer ser nossa mãe?
Mãe Intelectual — (Caminha até a frente do palco e as crianças a seguem. Ela os olha de cima a baixo, ajeitando os óculos. Fala com tom de voz grave, sempre gesticulando.) Claro! É óbvio! Mas, em primeiro lugar, vocês farão um curso de português, aprenderão a falar corretamente, pronunciando todas as sílabas de forma bem articulada. Também quero que conheçam todos os estilos literários — classicismo, romantismo — e seus principais autores, e aprendam a respeito dos grandes filósofos, como Pitágoras e Aristóteles. Vocês serão intelectuais, como eu! Eu lhes darei a sabedoria de que precisam para se tornarem grandes como eu.
Criança 2 — Mas isso é tudo que a senhora pode nos dar?
Mãe Intelectual — (Ofendida.) Se isso é tudo? O que mais vocês esperam de uma mãe? (Retorna ao seu lugar e volta a ser estátua.)
Criança 1 — Que pena! Ela parecia ser ideal para ser nossa mãe. Mas ela queria fazer a gente ser "teletual" que nem ela, e eu nem sei o que é isso!
Criança 2 — É, que pena! Mas vamos ver esta aqui. O que será que ela pode nos dar? Ei, a senhora pode ser nossa mãe?
Mãe Rica — (Começa a se mover com elegância, olha para as crianças com nojo e corre para a frente do palco. Olhando fixamente para os dois, ela coloca a mão na boca.) Oh! Que pobreza! (Aperta o nariz.) Que cheiro ruim! (Pega a ponta da roupa de uma das crianças com as pontas dos dedos.) Que roupas velhas! (Expressão de nojo.) Ah! Mas, para que eu seja mãe de vocês, vou ter de gastar uma boa parte de minha fortuna! Assim vocês se tornarão chiques, limpos, lindos e cheirosos como eu. Mas não se preocupem. Dinheiro não é problema para mim. Ah! Quero lhes mostrar tudo: tenho muitos carros, muitas casas, propriedades e tenho certeza de que vocês vão gostar. Meus perfumes são caros, pois são todos importados; vocês vão aprender a conhecer e apreciar um bom perfume. Em minha casa tenho vários quadros de pintores famosos; vou lhes ensinar tudo sobre pintura e arte em geral! Também vou lhes ensinar a fazer as mais rentáveis aplicações financeiras e...
Criança 1 — (Interrompendo.) O que mais? O que mais, além dessas coisas, você pode nos dar?
Mãe Rica — (Ofendida.) Mais? O que mais vocês querem? Eu não daria mais nada a vocês. Afinal, o que vocês querem? (Ela retorna ao seu lugar lentamente, com o nariz empinado, e volta a ser estátua.)
Criança 1 — Está muito difícil! Essa Mãe Rica podia nos dar tanta coisa, mas depois ia ficar cobrando. Mãe que é mãe oferece coisa melhor sem pedir nada em troca.
Criança 2 — (Dirigindo-se à Mãe Esportista.) E a senhora, pode ser nossa mãe?
Mãe Esportista — (Começa a se mover devagar, sorri para a criança, toma as mãos dela e move para cima e para baixo com ritmo, e vem para a frente do palco pulando e movendo as mãos para cima e para baixo como se estivesse fazendo ginástica.) Venham prá cá e façam como eu. Vocês estão fora de forma. (A mãe põe as mãos na cintura e faz movimentos cadenciados de abaixar-se e levantar. As crianças a imitam.)
Criança 1— A senhora ainda não respondeu: pode ser nossa mãe?
Mãe Esportista — (Continua fazendo exercícios enquanto fala.) Oh, como sou distraída! Claro! Vocês estão mesmo precisando ter aulas de ginástica. Quero que aprendam tudo o que é bom para a saúde. Vocês treinarão duro para ter um corpo de atleta e comerão somente o necessário. Eu mesma vou elaborar uma dieta bem balanceada. Não podem nem pensar em comer doces, sorvetes, chocolates e salgadinhos, pois essas coisas não são saudáveis para um bom atleta. Vou levá-los para conhecer o Guga e outros grandes esportistas do Brasil e do mundo. Quero que compareçam às principais competições esportivas comigo, de futebol, vôlei, basquete, tênis, iatismo, automobilismo e outras, para que escolham o esporte que desejam praticar. Vocês terão todo o meu apoio para se tornarem atletas famosos, serem conhecidos em todo o mundo e desfrutarem das riquezas do mundo dos esportes.
Criança 2 — Mas, fora tudo isso aí que a senhora falou, o que mais a senhora pode nos dar?
Mãe Esportista — Bem, deixe-me pensar... Mais nada! Vocês terão um corpinho de atleta, serão famosos como os grandes atletas, e ainda querem mais? (Ela dá uma voltinha, movimenta as mãos da cabeça aos pés, como para mostrar seu corpo de atleta, e volta a ser estátua.)
Criança 1— Ih, essa mãe esportista não daria certo, mesmo! Imagina só, até sermos atletas teremos emagrecido mais ainda! Além disso, somos muito jovens.
Criança 2 — Bem, o jeito é continuar procurando. Não podemos desanimar, nós vamos encontrar uma mãe que queira e sirva para ser nossa mãe.
Criança 1— (Aproximando-se da Mãe Viajante.) E a senhora, quer ser nossa mãe?
Mãe Viajante — (Começa a se movei; ajeita o cabelo e as roupas, arruma a máquina fotográfica que tem pendurada ao pescoço, pega a mala e os folhetos de viagem que estão ao seu lado e caminha até a frente do palco. Põe a mala no chão e fala rápido e com entusiasmo.) Claro que quero! Nós vamos viajar juntos e fazer passeios maravilhosos pelo mundo. Vocês conhecerão Miami e a Disney World, a Europa, a Austrália e outros lugares do mundo. Também vamos viajar pelo Brasil e conhecer Fortaleza, Natal e Florianópolis. Cada um terá sua própria máquina fotográfica e câmera fumadora, entre outros acessórios para usar nas viagens. Vocês vão amar viver viajando pelo mundo!
Criança 2 — Mas, é só isso que a senhora pode nos dar?
Mãe Viajante — (Ofendida.) Ora, já estou fazendo muito, levando vocês comigo nas minhas viagens! O que mais vocês querem de uma mãe viajante? (Pega a mala lentamente e retorna ao seu lugar, voltando a ser estátua.) Criança 1— Puxa, está realmente muito difícil. Mas não podemos desanimar, não é?
Criança 2 — É. Vamos perguntar para esta mãe toda de branco. A senhora pode ser nossa mãe?
Mãe Médica — (Começa a se mover e, enquanto caminha para a frente, coloca o estetoscópio. Enquanto fala, fica tentando colocar o aparelho nas costas deles.) Claro que sim! E vou cuidar da saúde de vocês para que tenham uma saúde perfeita. Vou medir a pressão, examinar a garganta, ouvir a respiração e contar os batimentos do coração. Ora, vejam só que crianças magrinhas! Parece que não comem todas as vitaminas e proteínas necessárias. Vocês precisam urgentemente de cuidados médicos! (Enquanto ela tenta colocar o aparelho nas costas da criança 1, a criança 2 espirra.)
Mãe Médica — Vejam! Que perigo! Você pode estar com uma broncopneumonia, provocada por vírus que ficam no ar! Você vai precisar fazer vários exames, tomar alguns remédios ou até mesmo uma injeção e, se for grave, pode até precisar ser internado. Terei todos esses cuidados com a saúde de vocês.
Criança 2 — (Assustada.) E isso é tudo que a senhora pode fazer pela gente?
Mãe Médica — (Ofendida.) E o que é mais importante do que ter uma saúde perfeita? (Tira o estetoscópio, coloca-o no pescoço, retorna ao seu lugar e volta a ser estátua.)
Criança 2 — Não pensei que seria tão difícil achar a mãe ideal. Será que são tão poucas assim? Ou pior, será que não existe a mãe ideal? (Pausa. Música suave.)
Vendedor — (Aproxima-se das crianças.) E então, crianças, gostaram de alguma mãe? Todas elas são lindas, não é verdade?
 Criança 2 — É, todas são muito bonitas, mas... o senhor não teria mais uma outra, diferente destas?
Vendedor — Sim, meninos, acho que ainda tenho uma. Aguardem só um minutinho que já vou buscá-la.
 (Sai e volta com a Mãe Cristã.) Vejam, eu tenho mais esta aqui. Ela não é tão bonita, por isso não a coloquei na vitrine junto das outras. Quem sabe é ela que serve para ser a mãe de vocês!
Criança 1— (Sem prestar atenção à mãe.) Ah, moço! A gente cansou de procurar. Não existe uma mãe para nós!
 Vendedor — Vamos lá, meninos, não desanimem. Perguntem! Pode ser que vocês tenham uma grande surpresa, mas precisam fazer a pergunta! (Os meninos olham para a mãe, a rodeiam, cochicham entre si e afinal perguntam.)
 Crianças 1 e 2 — A senhora quer ser nossa mãe?
Mãe Cristã — (Olha para as crianças com carinho, sorri, acaricia os rostos deles, ajoelha-se e abraça as crianças.) Sim, eu quero ser a mãe de vocês. É o que eu mais quero! Quero lhes falar todos os dias (tira a Bíblia do bolso) sobre este livro maravilhoso, a Bíblia, que nos conta sobre o amor de Deus. Quero ser a melhor companheira e amiga que vocês terão; vou cuidar das tarefas da casa, mas ensinarei vocês a me ajudarem nessas tarefas; ajudarei quando precisarem fazer uma boa escolha; estarei pronta para repreender quando estiverem errados e procurarei ser sempre verdadeira, justa e sincera para que confiem em mim e ouçam os meus conselhos. Mas, para fazer tudo isso, pedirei ao Senhor que me ajude a agir corretamente de acordo com o modelo de Sua Palavra, para que eu possa ser modelo para vocês; pedirei ao Senhor sabedoria, para educar vocês na sabedoria e conhecimento da vontade do Senhor; pedirei ao Senhor que me faça uma mãe rica de amor, carinho e compreensão; pedirei ao Senhor que me dê disposição para brincar, correr, passear e estar atenta ao bem-estar físico de vocês; pedirei ao Senhor que lhes dê saúde, e me ajude a cui-dar de vocês, se ficarem doentes; pedirei ao Senhor que seja nosso companheiro e protetor na viagem desta vida e quero viajar com vocês pelas páginas da Bíblia.
Criança 1 — A senhora faria tudo isso?
 Mãe Cristã — Sei que estou longe de ser a mãe perfeita, por isso vou fazer mais uma coisa. Criança 2 — Mais uma coisa? O quê?
Mãe Cristã — Vou orar sempre. Primeiro por mim, para que Deus me ajude a agir da melhor maneira como "Mãe Cristã". E, segundo, para que meus filhos sejam abençoados, sejam crentes fiéis ao Senhor, sejam bênção para os outros e também sejam muito felizes. (A mãe abraça e beija as crianças.)
Encerrar o programa com a Mãe Cristã cantando "Quero Ser um Vaso de Bênção", ou um grupo de crianças cantando "Mãe, Poema de Deus", de CSPC vol.1-rev., n° 78.
Texto: Ademir Coutinho Ramos, que é nosso leitor de São Paulo-SP Adaptação: Ana Paula S. Nunes e Eneida Rangel Celeti
(2 crianças de rua) Roupas simples, malcuidadas e sujas
(3 a 8 crianças para a gangue) Roupas comuns (ou todos podem usar, por exemplo, camisetas pretas)
(Vendedor (ou vendedora) Bem vestido,com roupa que pareça uniforme
 (Narrador Visível) com normal ou oculto 
(Mãe Modelo) Vestido de festa, de tecido leve e cor clara
(Mãe Intelectual) Roupa clássica (calça comprida e blazer, ou tailleur); sapato de salto alto; óculos
(Mãe Rica) Roupa chique (se puder, casaco de pele); muitas bijuterias; bolsa
(Mãe Esportista) Agasalho de ginástica; tênis; viseira
(Mãe Viajante) Roupa informal (bermudão e blusa colorida); máquina fotográfica; inala; folhetos de viagem 
(Mãe Médica) Roupa branca; estetoscópio no pescoço 

(Mãe Cristã) Roupa simples; cabelo preso; Bíblia pequena num bolso.